domingo, 30 de outubro de 2011

Definido o tema das Jornadas Bolivarianas de 2012



Em sua próxima edição (oitava), as Jornadas Bolivarianas propõem uma reflexão sobre O CARIBE E SUAS RELAÇÕES COM A AMÉRICA LATINA, com a intenção de problematizar um tema de enorme relevância para a região latino-americana e quase completamente esquecido pelos estudos universitários brasileiros.

No contexto das novas conformações econômicas e políticas da América Latina a região do Caribe ainda permanece bastante obscura e desconhecida pelos brasileiros. No que diz respeito ao restante da América Latina, os últimos anos mostraram que o Brasil já não está mais de costas para esses países. Nao somente a nova orientação da política externa brasileira – marcada por extraordinário ativismo diplimático – requer estudos na direção aqui indicada, como também setores empresariais importantes começam a focalizar o Caribe como área de comércio e finanças indispensáveis para o desenvolvimento nacional. O Haití ganha destaque na ação diplomática e militar brasileira, mas há importantes iniciativas no terreno economico que já nao podem ser ignoradas. Da mesma forma, há grande interesse entre a cultura brasileira e a cultura caribenha, especialmente quando consideramos os temas relativos a escravidão e a identidade cultural dela derivada.

A região do Caribe é um espaço localizado no lado leste da América Central e unifica, dentro do Mar do Caribe, uma série de pequenas ilhas/países também conhecidas como Antilhas. São elas: Antígua e Barbuda, Aruba, Bahamas, Barbados, Cuba, Dominica, Granada, Guadelupe, Haiti, Ilhas Caimãs, Ilhas Turcas e Caicos, Ilhas Virgens, Jamaica, Martinica, Porto Rico, República Dominicana, Saint Barthélemy, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago. Vivem ali mais de 14 milhões de pessoas.
A Bacia do Caribe também é de interesse estratégico no que diz respeito a rotas comerciais, uma vez que cerca de metade da carga exterior do EUA e as importações de petróleo bruto é importado através das vias navegáveis do Caribe. Em tempo de guerra, estes números só podem aumentar.

Nos anos 70 todos estes estados insulares observaram que, diante do assédio dos países centrais, era mais do que necessário empreender uma união. Foi quando nasceu o Caricom, Mercado Comum e Comunidade do Caribe, visando entrar na lógica dos blocos econômicos. Naqueles dias Cuba não podia ser admitida, vindo a integrar o Caricom só em 1998, e como observadora.

Como esta é uma região muito pouco conhecida dos brasileiros também há poucas informações sobre as relações comerciais que se estabelecem entre o bloco do Caricom e o Brasil. Ainda assim, sabe-se que de tudo o que foi importado desta região, o maior fluxo vem da ilha de Trinidad Tobago (98%, segundo estudos de Débora Barros Leal Farias - Rev. Bras. Polít. Int. 43 (1): 43-68 [2000]), basicamente derivados do petróleo e gás natural. O Brasil tem embaixadas em apenas seis dos países do Caribe. O Brasil também tem relações com as Ilhas Caymans, onde existem vários escritórios de negócios tocados por brasileiros.

Com o advento da ALBA ( Aliança Bolivariana para os Povos da América Latina), em 2004, impulsionada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, novas relações começaram a se formar no âmbito do Caribe, dentro de uma perspectiva mais equânime e isso também deu outra coloração a discussão sobre os problemas da região do Caribe. Não mais a lógica colonial imposta pelos Estados Unidos, disposto a manter essa região sob seu domínio e em estado de dependência. A ALBA inaugura outra relações no campo da cooperação energética, cultural e econômica.

Em função de todas estas questões, a região do Caribe deveria receber mais atenção da comunidade científica. E, é justamente a isso que o IELA se propõe trazendo para o debate a realidade caribenha em toda a sua complexidade.